PROJETOS EM ANDAMENTO

Projetos em desenvolvimento, produção e finalização.

Antes o mundo não existia (em produção)

A partir da história do livro Antes o mundo não existia - mitologia dos antigos Desana-Kehíripõrã, escrito por Luiz Lana e seu pai Firmiano Lana, publicado em sua primeira versão em 1980, o documentário Entre dois um novo mundo busca investigar a condição do indígena na sociedade brasileira contemporânea, refletindo sobre a experiência histórica de estar em uma posição entre mundos, marcada por relações próximas com aliados não indígenas, por conflitos com o colonizador, por experiências interculturais transformadoras e pela eterna luta para exercer sua autodeterminação em cenários adversos. O deslocamento entre dois mundos que estão em contato é condição fundamental para essa existência e é definidora das possibilidades de inventar novos mundos, surgidos desse encontro entre culturas. Para isso, o documentário articula diversas estratégias narrativas: i) imagens de arquivo de filmagens realizadas por padres salesianos nas missões do Noroeste amazônico nos anos 1950 e 1960, ii) entrevistas de personagens importantes nessa trajetória do livro, como do artista Desana Feliciano Lana, do antropólogo Renato Athias, do escritor e dramaturgo Márcio Souza, iii) entrevistas de arquivo do padre salesiano Casimiro Béksta e da antropóloga Berta Ribeiro, iv) leituras de textos do livro na língua Desana e em português e v) Filmagens in loco no Alto Rio Negro, Rio de Janeiro, Brasília e Manaus. O filme propõe uma reflexão sobre tradição e transformação e sobre como história e mito se encontram na sociedade do Alto Rio Negro. Um encontro entre antropologia, história e literatura a partir de uma obra singular, que inaugurou a literatura indígena no Brasil. Uma obra resultante do encontro entre dois, um indígena, Luiz Lana, e uma não indígena, Berta Ribeiro.

Wametisé (em desenvolvimento)

Denilson Baniwa, artista e curador indígena, embarca numa jornada de refazer a viagem da história mais importante do povo Tukano, a Canoa-da-Transformação. Ele segue as pistas deixadas pelo povo Tukano sobre o caminho navegado por esta canoa cosmológica, saindo do Lago-de-Leite (atual Rio de Janeiro) à Cachoeira Ipanoré (froteira do Brasil com a Colômbia, no Norte do Amazonas), revisitando os lugares sagrados (Wametisé), e refletindo sobre transformações sofridas por estes, sobretudo com o avanço dos grandes empreendimentos e aumento populacional no interior do país.

5 episódios de 26'.

Drapejos (em desenvolvimento)

Drapejos é uma série documental de animação sobre a formação geofísica e histórica da Amazônia. Diakara é um indígena que recebe numa casa flutuante na Grande Manaus, 7 especialistas sobre a Amazônia e reserva-lhes uma surpresa: no seu quintal há uma canoa que viaja no tempo. Cada episódio Diakara e um especialista visitam uma época importante na história da Amazônia, mostrada em animação realista. Na canoa, ambos discutem o que vemos: o nascimento do bioma no Eoceno; a formação da Bacia Hidrográfica do Amazonas; o início da ocupação humana; a formação de conglomerados multiétnicos; a modernização urbana com a borracha; o auge do desmatamento na atualidade; e, por fim, um futuro incerto e surpreendente.

7 episódios de 26'.

Por que Kamña matou kiña? (em desenvolvimento)

Documentário em longa-metragem sobre as relações problemáticas e conflituosas entre o Estado brasileiro e seus povos originários nos últimos 40 anos. Partiremos das denúncias brasileiras do IV Tribunal Russell, que ocorreu em Roterdã, Holanda, em 1980, que foi um tribunal internacional informal, composto por membros de diferentes nacionalidades, dedicado a julgar crimes contra as populações indígenas das Américas. O Tribunal servirá como um marco histórico para abordarmos o processo de conquistas dos indígenas no Brasil a partir das relações destes com instituições nacionais e internacionais, a importância da visibilidade dos seus problemas perante a opinião pública internacional, as conquistas políticas obtidas na Constituição Federal de 1988 e a auto-organização como dimensão essencial para a manutenção e avanço dos seus direitos e para a conquista de autonomia social e econômica em sintonia com sua tradição e ancestralidade. Nosso arco histórico avança até os dias atuais, quando os ataques aos povos indígenas se fortalecem como política do atual governo federal. Encerramos com a denúncia do presidente Jair Bolsonaro ao Tribunal Penal Internacional de Haia por incitar o genocídio e promover ataques sistemáticos contra os povos indígenas do Brasil.

A ciência do sopro (em desenvolvimento)

Documentário em longa-metragem sobre o xamanismo entre grupos da família linguística Tukano do Alto Rio Negro em Manaus. A narrativa percorre agenciamentos e processos de anciões e jovens indígenas, que criaram o primeiro Centro de Medicina Indígena, em pleno Centro Histórico de Manaus, ao mesmo tempo em que dão andamento em estudos formais sobre o tema, na Universidade Federal do Amazonas. Essas micro relações criam uma rede entrecruzada de conhecimentos e práticas ancestrais e modernas, e esse constitui o ponto central do documentário.

Sihâ (em desenvolvimento)

Documentário em longa-metragem. As missões salesianas alteraram a vida dos povos indígenas do Alto Rio Negro. Desde 1970 há migração massiva em direção a Manaus, como resultado da ação evangelizadora, mas também como destino previsto na cosmogonia indígena. Para os povos da região deslocar-se pela Amazônia é um ato que remete ao mito de criação do mundo. Entre mito e realidade, velhos e jovens da etnia Tukano revisitam a migração como forma de ativar a identidade coletiva na Amazônia hoje.